Elon Musk X e o TSE
Advogado
especialista em Direito Eleitoral e Membro da ABRADEP – Academia Brasileira de
Direito Eleitoral e Político.
Na nossa última coluna tratamos da dificuldade que a Inteligência Artificial apresenta para as Eleições 2024. Uma dessas dificuldades é a efetivação e aplicação imediata de uma decisão judicial durante as Eleições.
E as últimas semanas escancararam
que o desafio será grande. Todos acompanharam o embate público entre o dono do
X (ex-Twitter) – chamo carinhosamente de Xwitter – Elon Musk e o Ministro do
STF e Presidente do TSE Alexandre de Moraes.
Exceto as questões políticas e
econômicas, o comportamento do bilionário sul-africano escancara um desafio que
a Justiça Eleitoral enfrenta há algumas eleições. Na prática, decisões que
envolvem as Redes Sociais encontram dificuldade de serem cumpridas na
velocidade necessária que uma eleição requer.
Em eleições passadas o Telegram era
a Rede Social que dificultava. Antes sem sede no Brasil, a intimação para
cumprimento se tornava morosa e ineficaz. Logo, decisões da Justiça Eleitoral,
seja dos TRE’s ou TSE não tiveram efetividade prática.
A fala, indecorosa, ofensiva e
desrespeitosa ao Brasil de Musk ilustra que o X não deverá cumprir decisão
judicial emanada pelo Poder Judiciário ofende a toda a sociedade. Por qual
razão o X se acha no direito de não cumprir aquilo que todos nós somos obrigados
a cumprir? O clichê de que decisão judicial se cumpre precisa ser lembrado.
Pode se discutir, recorrer e questionar uma decisão que não concordamos. Mas,
ao final, se cumpre!
Confesso que não creio que isso se
tornará uma prática da empresa, haja vista a possibilidade de sanções
econômicas. Há, ainda, o elemento político e a tentativa de criar um confronto
direto com o Ministro Alexandre de Moraes.
E nesse cenário, vale lembrar que
não será o Ministro Alexandre o Presidente do TSE nas Eleições 2024. Com seu
segundo biênio se encerrando em 03/06/2024 a frente do TSE, será a Ministra
Cármen Lúcia quem irá comandar o Tribunal Eleitoral durante o pleito.
Com
isso, é de se esperar que as bravatas fiquem no campo político ideológico e na
arena do embate eleitoral, sem afetar o real cumprimento de decisões judiciais
proferidas, algo que desrespeitaria a Soberania Nacional.
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