Sabap: de 1958 a 2024 ‘muita água rolou de baixo dessa ponte’

 Sabap: de 1958 a 2024 ‘muita água rolou de baixo dessa ponte’

Celso Canella e José Caetano


Uma das antigas instituições do bairro Pedregulho é a Sabap (Sociedade Amigos do Bairro Pedregulho) fundada em 23 de novembro de 1958 por Luis Mendes de Oliveira e, de acordo com José Roberto Caetano, 73 anos, presidente da Sabap, para fundar a Sabap Luis Oliveira reuniu os amigos moradores do bairro e por isso o nome é Sociedade Amigos do Bairro Pedregulho, que foi uma grande atração de lazer e marcou a vida de muitas gerações dos moradores do bairro.

A princípio a Sabap foi pensada e construída apenas para os moradores do bairro Pedregulho, mas os moradores de outros bairros ao verem a alta qualidade do clube, resolveram tornarem-se sócios da Sabap, que era um centro de diversão, esporte e lazer dos moradores do Pedregulho. “O senhor Oliveira era morador do Pedregulho e reuniu vários amigos do bairro, no antigo cinema Ipiranga, que ficava na Rua Pedro Cappio, para fazer às primeiras reuniões e assim iniciou-se a Sabap. Entre os amigos do Senhor Oliveira, estavam meus tios Otacílio Caetano e Nelson Caetano, meu pai Sebastião Caetano e meu avô Luiz Caetano, todos adquiriram títulos familiares, por isso me tornei sócio com apenas sete anos, em 1958. Na época quase todos os moradores do bairro abraçaram a ideia”, contou o presidente da Sabap, que está em seu segundo mandato.

José Caetano disse que por muito pouco a Sabap não perdeu outras partes de seu patrimônio que era de 14 imóveis e hoje são apenas três, sendo dois no Pedregulho e um no Jardim do Vale. “Antes de assumir a presidência eu fui conselheiro fiscal da diretoria (em 2017) e aí, comecei a tomar consciência dos reais problemas da Sabap, que devia muito dinheiro para a prefeitura, para a Receita Federal e por processos na Justiça do Trabalho. Minha diretoria teve de vender um imóvel para pagar as contas e socorrer a Sabap. As diretorias anteriores venderam os imóveis e não pagaram as contas”, disse José Caetano, assegurando que a venda do terreno feita por sua diretoria foi aprovada pelo Conselho Deliberativo.

O vice-presidente da Sabap, Celso José de Castro Canella, 64 anos, que também foi conselheiro fiscal junto com José Caetano em 2017, conta que naquela época a situação da Sabap era catastrófica, com sérias possibilidades de perder o que havia sobrado do patrimônio e até acabar tendo de encerrar suas atividades definitivamente. “Eu e o José Caetano reprovamos as contas do então presidente, que deixou o cargo e, nesse caso o vice-presidente assumiu o cargo de presidente, que ao ser questionado sobre a situação financeira da Sabap, também deixou o cargo”, lembrou Canella.

Caetano e Canella contaram que antes de assumirem a administração do clube, a dívida da Sabap superava um milhão e meio de reais. “As dividas eram muito altas e ainda tinha outros problemas como manutenção dos prédios e equipamentos a situação estava muito difícil. Onde hoje é a Drogaria São Paulo era uma piscina da Sabap, terreno que já estava penhorado pela Justiça do Trabalho em um processo que correu à revelia, para pagar uma dívida trabalhista de cerca de 500 mil reais, mas o terreno valia um milhão e quinhentos mil reais”, disseram os diretores da Sabap.

José Caetano conta que em seu primeiro mandato de 3 anos, com início em 2020, ele fez algumas mudanças e os novos funcionários lhes trouxeram a real situação financeira da Sabap, que era lastimável. “As dívidas eram enormes, tinha dívida de IPTUs com a prefeitura, com a Receita Federal, com a Justiça do Trabalho, as diretorias anteriores não recolheram o INSS, FGTS e PIS dos funcionários e com o passar dos anos, a dívida só foi aumentando e, não havia receita para quitar as dívidas”, recordou José Caetano.

Segundo o presidente e o vice-presidente da Sabap, a Justiça do Trabalho havia penhorado uma propriedade do clube no valor de quase 500 mil reais, porem a propriedade valia três vezes o valor da penhora. “Nessa situação nós recorremos a um amigo, que pagou a dívida trabalhista e ficou com o terreno onde hoje é a Farmácia São Paulo e na contrapartida deu para a Sabap um terreno no valor de um milhão de reais, que posteriormente foi vendido para pagar as outras dívidas. “Hoje a Sabap tem nome limpo. Durante muito um tempo a Sabap não podia comprar um parafuso, hoje recuperamos o nome do clube e sua possibilidade de comprar a crédito, os salários dos funcionários estão em dia, assim como todas as obrigações trabalhistas”, frisa Caetano.

De acordo com Canella e Caetano, as diretórias anteriores não acompanharam as mudanças das leis e isso complicou ainda mais a situação da Sabap. “Nós estamos lutando para regularizar a situação da Sabap, inclusive o nosso Clube de Campo está fechado por falta de Alvará de Funcionamento e isso afeta muito a nossa possibilidade de arrecadação”, comentaram ambos diretores.

Para piorar a situação da Sabap, depois de juntar todo documento para obter o alvará de funcionamento do Clube de Campo, ao darem entrada junto à Receita Federal para obter o alvará de funcionamento, eles descobriram que “alguém”, mudou a finalidade de Sociedade da Sabap para Clube, diferente do que está Estatuto e consta no Cartório de Registro de Imóveis. “Nós não sabemos quem fez essa mudança na Receita Federal, mas vamos saber”, disseram os dois diretores. 

A expectativa de Caetano e Canella é que no final do mês de julho deste ano o Clube de Campo da Sabap esteja devidamente regularizado e volte a funcionar normalmente. “Aos poucos estamos resolvendo os problemas e já estamos trabalhando para que ainda este ano a Sabap possa oferecer muitas coisas boas aos sócios proprietários e aos sócios contribuintes”, disse Caetano, frisando que a atual diretoria fez o novo Estatuto de acordo com a legislação atual.

Ao serem questionado sobre a possibilidade de continuarem no comando da Sabap por mais seis anos, desta vez em postos diferentes, uma vez que os seus mandatos terminam em março de 2025, ambos disseram. “Não estamos pensando nisso, mas é uma coisa que temos de nos preocupar, porque tivemos muito trabalho para pôr as coisas em ordem e não podemos correr o risco de que um outro caos se instale na Sabap”, concordaram Caetano e Canella.

Caso essa dupla decida continuar administrando a Sabap, Canella disputará a presidência e Caetano o seu vice. As diretorias da Sabap têm mandato de três anos, podendo ser eleita por mais um mandato, compreendendo um total de 6 anos de administração.

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