Frei Dídimo: Nos anos 60 as crianças do Pedregulho participavam da Missãozinha

      Frei Dídimo: Nos anos 60 as crianças do Pedregulho participavam da Missãozinha

Para trazer um pouco mais da história do bairro, a reportagem do Jornal Nosso Pedregulho entrevistou Breno Alcir Helir da Silva, 59 anos, proprietário do Bar Retro 80, nascido e criado no Pedregulho e, as irmãs Célia Maria Martins Geraldo, 62 anos e Sonia Maria Geraldo, 59 anos, que são filhas do casal Sebastião Geraldo e Maria Martins Geraldo, 97 anos que mora no Pedregulho desde 1951, sempre na mesma casa na Rua Tupinambás. “Nós também nascemos e fomos criadas no Pedregulho”, disse Celia Geraldo.

Segundo Sonia Geraldo a casa do seus pais foi uma das primeiras a ser construída na rua Tupinambás que era de terra, tinha muitos terrenos vazios e barrancos. As irmãs estudaram na Escola Costa Braga e se lembram que as suas vidas se resumiam em estudar, ajudar nos afazeres da casa e brincar na rua com as outras crianças do bairro. “Nosso pai não deixava a gente sair da frente de casa, no máximo na ruinha do avô, que é a rua Virgílio Rosa, que fica atrás de casa e íamos ver o avô por dentro de casa. Na rua a gente brincava de jogo de taco, bola de gude, pega-pega, queimada. A gente assustava as pessoas que passavam pela rua com uma meia cheia de areia que a gente punha do outro lado da rua e quando a pessoa estava perto, a gente puxava e assustava a pessoa”, recordou Sonia Geraldo,

Célia Geraldo contou que fora as brincadeiras na rua, outra grande diversão em 1960 eram as chegadas do Circo e do Parque de Diversões no bairro Pedregulho e se instalava no terreno em frente à sede da Sabap, onde hoje tem uma loja de festas. “O Circo era a grande atração, pois tinha animais como leão, zebra, tigre, zebra e outros bichos que só se via no Circo. Já no Parque de Diversão eu gostava da Roda Gigante, mas também tinha o Dangue, Carrossel, era muito bom”, disse Célia Geraldo.

Outra coisa que faz parte da recordação das irmãs Geraldo é a Igrejinha (Igreja Nossa Senhora da Glória) e a Missãozinha aplicada pelo frei Dídimo todos os sábados com todas as crianças do bairro. “A primeira chamada era pelo autofalante, depois pelo sino da Igrejinha e as crianças iam chegando. A gente ia seguindo o frei Dídimo que dava uma volta no quarteirão com toda criançada e íamos para a pracinha em frente a Igrejinha e ali ele passava ensinamentos sobre o que é certo e o que é errado, contava histórias, era uma catequese ao ar livre. A missãozinha era tão bacana que as crianças não viam a hora de chegar o sábado”, disse Sonia Geraldo, recordando-se que nas quermesses da Igrejinha tinha o Correio Elegante, Maçã do Amor, barraca do Peixe e Toca do Coelho.

 

Breno da Silva conta que também participava da Missãozinha e que o frei Dídimo não tolerava desobediência. “O frei Dídimo chamava a criançada pelo megafone e tinha na mão uma vara, aqueles moleques que seguisse ele, levava uma varada e assim se juntava com as outras crianças”, recordou-se Breno Silva, frisando que nem sempre participava da Missãozinha.

O proprietário do bar Retro 80 contou que seu pai João Mariano era militar da Aeronáutica no Rio de Janeiro e foi transferido para Guaratinguetá e no Pedregulho conheceu e casou-se com sua mãe Ernestina Silva e juntos tiveram 9 filhos. “Eu nasci na casa dos meus com uma parteira, cresci no Pedregulho, tenho muitos amigos aqui. Apesar de meu pai ser muito rígido, eu bagunceiro, ia de bicicleta nos arredores do bairro, ia nadar no ribeirão Guaratinguetá e no rio Paraíba, atravessava o rio com canoa que a gente pegava escondido, ia na Colônia Piaguí pegar laranja sem ordem, também pegava cavalo sem ordem pra andar pelos campos do bairro. Essa era a diversão da molecada do Pedregulho”, lembrou o dono do bar Retro 80, frisando que gostava de brincar de Salada Mista e Passa Anel.

Outras coisas que estão na memória de Breno Silva são as idas ao cinema Ipiranga que ficava no Pedregulho e aos bailes na Sabap. “A gente ia no cinema ver os Trapalhões, os filmes do Mazzaropi, mas as vezes íamos ver filme no centro da cidade e quando passou o primeiro filme Tubarão, nós fomos assistir, na volta a molecada ficou com medo de atravessar a ponte de aço, as meninas gritavam de medo. Na Sabap o melhor evento era com o Apolo 2001, isso em 1979, mas o evento mais esperado pelos jovens do bairro Pedregulho era o baile Das Damas Estudantes, esse era muito bom. A Sabap também fazia os bailes de Carnaval, 4 noites e três matines, sempre com a casa cheia, eu nunca fui sócio da Sabap, mas frequentei e ainda frequento”, rememorou Breno Silva.       

   

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