Exu: sincretismo com o anjo Querubim da tradição católica
Exu: sincretismo com o anjo Querubim da tradição católica
Um dos grandes equívocos religiosos que
mostram o preconceito ou incompreensão, é a associação do Orixá Exu com o mal.
Isso acontece porque as pessoas não conhecem a história e a essência deste
Orixá que foi criado por Deus primordialmente ligado à ordem, ao movimento, à
comunicação, à fecundação, é responsável pela abertura dos caminhos, vigia de mercados
e que habita às encruzilhadas.
Para trazer um pouco de luz sobre esse
assunto complexo e importante, o Jornal Nosso Pedregulho foi ouvir o dirigente
Bartolomeu Vasconcelos Ribeiro, presidente do Centro Espirita Legião de Umbanda
(CELU) no bairro Pedregulho, doutor Honoris Causa pela Faculdade Crista de Teologia
e Filosofia do Estado do Rio de Janeiro e pela Faculdade de Ciências, Educação
e Teologia do Norte do Brasil, por seus notórios atos de saberes em prol da
cultura Afro.
Segundo pai Bartolomeu Ribeiro, a associação
do Exu com o diabo ocorreu com sincretismo feito por padres jesuítas que
participaram da colonização do Brasil, na tentativa de dominar os escravos que
vieram da África para o Brasil para substituir a mão-de-obra indígena que não
se deixou escravizar nos trabalhos dos canaviais e indústria açucareira. “Os
padres jesuítas tentaram escravizar os índios, mas não conseguiram, tentaram
dominar os negros escravos, mas não conseguiram, mas a igreja católica para
dominar os negros fez o sincretismo religioso, associando cada Deus do panteão
africano à um santo da igreja Católica. Os escravos negros têm Iansã que é a
Orixá dos raios e tempestades que no sincretismo se tornou Santa Barbara, Oxalá
se tornou Jesus, Omulu é São Lázaro, Xangô é São Gerônimo e assim foi indo e,
chegando lá no final tinha Exu, um Orixá irreverente, que gosta de bebidas
fortes, tem seus trejeitos quando é incorporado por médiuns e assim os padres
jesuítas fizeram o sincretismo de Exu com o diabo cristão. Você não domina um
povo porque você o escravizou, por que você ganhou a guerra, você só domina um
povo quando você domina a fé dele, mas neste sincretismo feito pelos jesuítas
os escravos foram mais inteligentes, pois atrás de cada santo da religião
católica os negros africanos colocaram o assento de cada Orixá, ou seja, o
senhor do engenho via eles cultuando os santos católicos, mas na realidade eles
estavam cultuando os seus Orixás”, explicou Bartolomeu Ribeiro.
Na tradição católica existe o diabo
cristão, que representa o mal, mas em sua forma original o diabo cristão é o anjo
Querubim, responsável pela guarda celestial e que foi expulso dos Céus por ter
criado uma rebelião de anjos contra Deus. A bíblia retrata o anjo Querubim com
a cor vermelha, semelhança humana com quatro rostos, cada um deles com quatro
asas, pernas retas, pés de bezerro e brilhante como um bronze polido e ficam
logo abaixo de Deus. Provavelmente por esses motivos que os jesuítas associaram
o diabo cristão a Exu.
O Honoris Causa explicou que ao catarem o
ponto de Exu, todos se viram para a entrada do centro porque é na porta de
entrada que é o domínio de Exu. “Exu é um guardião, ele é o sapador da
religião, é como se fosse a polícia dos Orixás, é ele que vai na frente tomar o
choque, ele que faz cumprir a vontade dos Orixás, qualquer coisa que fizerem
para o centro ou para os filhos do centro, para na entrada, não passa pra
dentro. A encruzilhada é o ápice do poder de Exu, por que a encruzilhada é o
meio do caminho, existem vários caminhos, e Exu é o dono dos caminhos”,
esclareceu o Honoris Causas.
Com relação a outra associação que muitas
pessoas fazem sobre Exu, é que ele faz o mal às pessoas, mas o dirigente da
CELU explica que Exu atende os pedidos das pessoas. “Se a pessoas pede o mal,
não é o Orixá que é ruim e sim a pessoa que fez o pedido e, essa maldade será
cobrada de quem fez o pedido”, relatou pai Bartolomeu Ribeiro, frisando que se
as pessoas pedirem o bem a Exu, ele também atenderá ao pedido.
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