Ricardinho Hasmann: infância, adolescência e vida adulta no bairro Pedregulho

 


Ricardinho Hasmann: infância, adolescência e vida adulta no bairro Pedregulho

Em busca de história do passado do bairro Pedregulho, nossa reportagem conversou com o comerciante Ricardo Celso Hasmann, 60 anos, conhecido como Ricardinho, morador do bairro há 57 anos, proprietário do bar Bilhar do Ricardinho há 19 anos, localizado na rua Pedro Cappio, onde realiza um campeonato de bilhar toda última quarta-feira do mês.

Ricardinho contou que seu pai comprou um terreno no Pedregulho e construiu duas casas e um ponto comercial na rua Pedro Cappio. “Eu me lembro de brinca no alicerce da obra e que meu pai alugava um caminhão e nós íamos até o bairro dos Pilões pegar pedras que foram postas no concreto do alicerce da obra, nessa época as ruas do bairro era de terra e quando chovia formava um barreiro só”, lembrou Hasmann, frisando que nos anos 70 o então prefeito Walter de Oliveira Mello asfaltou a rua Pedro Cappio.

Na sua infância e pré-adolescência, Ricardinho que estudou na escola Benedito Galhardo tinha um grupo de amigos composto por cerca de 20 moleques, que brincavam o tempo na rua, respeitando o horário de entrar para casa às 22 horas. “Em frente nossa casa tinha um terrenão vazio, que ligava a rua Pedro Cappio à rua Aimorés e nesse terreno a gente jogava bola, jogava bolinha de gude, jogava fincão, carrinho de rolimã, jogava taco, e nas férias escolares toda molecada soltava pipa, você olhava pro céu e via muitas pipas no ar e os moleques da rua de cima, perto da Igrejinha, mandava buscar as pipas da molecada da rua de casa, a famosa caçadinha de pipa, esse foi um tempo muito bom”, disse Ricardinho.

Outra lembrança de Ricardinho, que na época foi muito comentado pelos moradores do bairro Pedregulho, diz respeito a um suposto estupro e assassinato de uma menina, cujo o corpo foi jogado no esgoto. “A gente era criança e ouvia os comentários desse triste caso, mas uma boa lembrança é o baile Damas Estudantes no clube Sabap que era realizado uma vez por mês e lotava. Outro evento muito bom aqui no Pedregulho era o Carnaval, eu ia na matinê e no baile anoite e ainda no Carnaval”, recordou Ricardinho,

Além de pular Carnaval, Ricardinho e seus amigos ajudavam a confeccionar às fantasias da Escola de Samba Mocidade Alegre, inclusive ele chegou a desfilar duas vezes na Escola de Samba do Pedregulho. “Nessa época o nosso grupo de amigos tinha entre 14 e quinze anos e agente assistia os ensaios da escola de samba, que era realizado em um terreno em frente à Sede da Sabap. A gente gostava tanto de Carnaval que nós criamos um Bloco de Carnaval, que se chamava ‘Vila Goró’, que tinha umas 40 pessoas, fizemos o registro na Secretaria de Cultura, tínhamos o samba enredo e desfilamos 2 vezes na avenida”, relembra Ricardinho que confidenciou que aprendeu a beber e a fumar no bilhar do Mirto.

Ainda criança Ricardinho participava da Missãozinha e da mini-procissão composta por crianças do bairro Pedregulho. “A festa de Nossa Senhora da Gloria era muito boa, lotava e não tinha brigas, nessa hora a moda era o ioiô de pó de serragem embrulhado com papel colorido e todo mundo queria andar na Roda Gigante, no Chapéu Mexicano e no carrinho de bate-bate”, disse.

O Cine Colonial era outra diversão de Ricardinho e seu grupo de amigos. “Na verdade, quase todos os moradores do Pedregulho iam no cinema assistir o Mazzaropi, filme de guerra romana com Kirk Douglas, A Paixão de Cristo. Depois de um tempo muita gente deixou de ir no cinema porque ele começou a passar filmes pornográficos em plena quatro horas da tarde, mas tinha gente que ia, ficava na fila esperando pra entrar no cinema”, estranhou Ricardinho.  

Hasmann conta que antes de ser o seu estabelecimento, o espaço era alugado pelo seu pai e ali funcionaram: Uma Mecânica, um depósito de Cerâmica e a Padaria e Pizzaria Pão de Açúcar. “Teve um período que meu pai trabalhou como entregador de leite da Cooperativa de Laticínio de Guaratinguetá e ele me levava pra trabalhar com ele, depois de um tempo eu tive a minha linha de entrega de leite e em 2005 eu montei o bar e continuo trabalhando com bar e bilhar até hoje.      

 

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