Fábio Ivo Antunes Advogado - Especialista em Direito Eleitoral. Membro da ABRADEP – Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político.
Senado avança no retrocesso de unificar as Eleições
Ainda no Mês de fevereiro recebemos a notícia de que o Senado Federal estava com o intuito de avançar nas análises de projetos que visam alterar as regras eleitorais. Isso é comum em anos ímpares, ou seja, anos sem eleições. E há uma explicação.
Por determinação constitucional, as
regras das próximas eleições são definidas até 01 ano antes da data da sua realização.
Por exemplo, o 1º turno de 2026 será em 04 de outubro, primeiro domingo do mês,
conforme determina a Constituição Federal.
Isso
significa que as regras eleitorais para 2026 precisam estar vigentes até 03 de
outubro de 2025. Qualquer alteração posterior a essa data não valerá para 2026,
mas para as outras eleições. Essa regra é a da anterioridade eleitoral. Por
esse motivo que 2025 é o ano em que se discutem mudanças.
Diversas
delas estão sendo discutidas no Senado Federal, quase todas abarcadas na
reforma do Código Eleitoral, sob relatoria do Senador Marcelo Castro (MDB-PI).
Entre algumas positivas, a da unificação das Eleições é um grande retrocesso.
São
vários prismas que indicam que a proposta de unificação apresentada pelo
Senador Jorge Kajuru (PSB-GO) são prejudiciais ao sistema eleitoral brasileiro.
Sob o ponto de vista sociológico, entre diversas outras explicações que um
profissional da área pode aprofundar, já estamos nos acostumando as eleições de
02 em 02 anos.
O
que sempre afirmo: democracia custa caro, seja do ponto de vista financeiro
quanto da vigilância social. E escolher, periodicamente, seus representantes, é
um deles.
Além
disso, quando estamos nas Eleições Gerais, onde escolhemos Deputados Estaduais
e Federais, Senador, Governador e Presidente, é muito comum que a discussão e o
debate público fique dominado pela eleição presidencial, deixando as outras
disputas muitas vezes sem grande debate de ideias.
Se
acrescentarmos nesse mesmo momento a discussão local, feita exclusivamente em
Eleições Municipais, vamos renegar o momento de debater a cidade, os bairros,
as mazelas e necessidades de um local específico. Ficaremos embebidos na
discussão ampla e relegaremos a discussão interna ao segundo, talvez terceiro
plano.
Esse
raciocínio fica apenas na discussão ao Executivo, onde a eleição é mais personificada
e com menos candidatos, facilitando o conhecimento público. Se ampliarmos a
discussão ao Legislativo, será ainda mais relegado ao desinteresse público.
Talvez seja esse o interesse do Congresso.
Há,
ainda, enorme prejuízo na unificação quando observamos a organização do pleito
pela Justiça Eleitoral, sob o ponto de vista jurisdicional. Sob o recorte do
Estado de São Paulo, em 2024 foram 78.289 candidatos a prefeito ou vereador.
Incluir essa demanda dentro de uma Eleição Geral é contribuir para o
afastamento da sociedade para com o Estado.
Por
sorte, a PEC que discute o tema era “prioridade de 2024” do ex-presidente
Rodrigo Pacheco. Espero que mantenham o mesmo ritmo e esqueçam a discussão.
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