Junior Filippo enviou à Câmara projeto de lei para implantar a escola cívico militar na rede pública de ensino
Junior Filippo enviou à Câmara projeto de lei para implantar a escola cívico militar na rede pública de ensino
A Câmara de Vereadores de Guaratinguetá
realizou no último dia 26 de junho uma audiência pública para apresentar e
discutir o Projeto de Lei da Prefeitura que visa implantar o programa Escola
Cívico Militar (ECM) na rede municipal de ensino, programa que está em análise no
Supremo Tribunal Federal, mas já conta com uma previsão orçamentária no valor
de R$ 690 mil, recurso aprovado pelos vereadores no ano passado.
O projeto de lei da prefeitura que cria o
programa municipal de Escola Cívico Militar enviado à Câmara não tem o impacto
financeiro e, de acordo com o artigo 16 da Lei Complementar 101/2000, o projeto
teria que ter o impacto financeiro e a declaração do ordenador de despesas. A
assessoria de comunicação da Câmara disse que o projeto de lei seguiu os
trâmites legais da Casa e a assessoria de comunicação da prefeitura não quis
comentar a respeito do impacto financeiro nos cofres públicos.
No dia 8 de julho, às 12h:43, o Jornal Nosso Pedregulho
enviou 11 perguntas sobre a criação da ECM à assessoria de comunicação da
prefeitura, com um prazo de 4 dias para o envio das respostas, mas a assessoria
respondeu às 13h:18 do dia 8 de julho, que devido à complexidade
das questões e por envolver checagem de dados do governo anterior, além de
projeções futuras, a assessoria não conseguiria responder na data solicitada.
O JNP teve acesso ao projeto de lei da prefeitura apresentado aos vereadores e foi constatado que o projeto sugere que o seu surgimento se deu como resposta a um “clamor legítimo e amplamente manifestado pela comunidade escolar de Guaratinguetá, tendo como base a aplicação do programa na Escola Maria Julia do Amaral Moreira no bairro Jardim do Vale, quando foi constatado a melhora na qualidade do ensino, diminuição da evasão escolar, redução do índice de violência e indisciplina, promoção de ambiente seguro e que o papel dos militares foi delimitado e claramente orientado para ações voltadas ao fortalecimento de valores cívicos e apoio administrativo, sem usurpar competências próprias dos gestores e educadores”, conta no projeto de lei.
Com base nas informações colhidas no projeto da
prefeitura e por meio de conversas com pessoas da área de Educação Municipal, a
reportagem enviou as seguintes perguntas: Qual foi o impacto financeiro da aplicação do
ECM na escola Maria Julia? Os uniformes foram doados ou comprados pelos pais
dos alunos? Hoje qual é o índice de insegurança nas escolas municipais? Hoje
qual é o índice de evasão escolar municipal? Hoje qual é o índice de
indisciplina nas escolas municipais? Como foi mensurado a necessidade da
implantação da ECM nas escolas municipais? Com relação a segurança de alunos,
professores e demais funcionários das escolas, não seria mais viável realizar
uma parceria com o governo do estado para que fosse implantada a Ronda Escolar? Este Projeto de Lei não teve estudo sobre o impacto
financeiro? Se teve, qual é o impacto financeiro? Esses "novos
gastos" irão impactar os gastos mensais das escolas municipais? Esse
"novo gasto" na área de educação municipal, poderia ser melhor
aplicado em cursos de robótica, informática, inglês e outros? A prefeitura não
se manifestou sobre as perguntas até o fechamento desta matéria.
De acordo com pessoas que
trabalham na área de educação, as quais não quiseram se identificar, o dinheiro
à aplicação do ECM poderia ser melhor investido, como por exemplo: em cursos da
língua inglesa que podem ser aplicados aos alunos da primeira infância,
informática, robótica e até em excursões e eventos de lazer aos alunos.
O
mestre em museologia Thales Vargas Gayean que disputou a eleição majoritária
pelo PSOL em 2024 disse que a aplicação do ECM é uma ação
ineficaz pra enfrentamento de um problema real. “Uma cortina de fumaça pra
maquiar a situação precária do trabalhador da educação, da infraestrutura das
escolas municipais, da merenda pobre servida aos alunos, enfim, um cenário de
desmonte da Educação Pública que vem sendo feito há décadas aqui em
Guaratinguetá”, disse Gayean.
Durante a audiência pública na
Câmara Municipal, foi dito que quem descordar do ECM terá de procurar outra
escola e a respeito deste ponto, Gayean lembrou que a legislação garante aos
alunos vagas nas escolas próximas às suas residências. “Por ser uma
"vitrine” eleitoreira, existe uma forte tendência de filtrar os alunos e
excluir os "indesejáveis", no esforço de elevar os indicadores,
abandonando a população que mais precisa do serviço”, opinou o museólogo.
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