Fábio Ivo Antunes- Advogado especialista em Direito Eleitoral e Membro da ABRADEP – Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político e integrante da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/SP.

Fábio Ivo Antunes -  Advogado especialista em Direito Eleitoral e Membro da ABRADEP – Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político e integrante da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/SP.

Geraldo Alckmin trabalha silenciosamente e auxilia no impacto negativo das tarifas de Trump

            O governo norte-americano divulgou nos últimos dias a ordem executiva que eleva as tarifas de importação do Brasil para os EUA em 50%. O início da entrada em vigor seria em 01º de agosto. Foi postergado para 06 de agosto.

            Ainda mais relevante: o comunicado aplica exceções para quase 700 itens que estão fora dessa lista. Exemplos: a exportação de aviões civis, castanhas, insumos de madeira, suco de laranja, entre muitos outros, estão fora da alíquota.

            O resultado é – muito – menos pior do que se esperava. Em que pese alguns itens ainda estejam previamente tarifados e possam impactar na economia de lá e de cá, como o café e a carne, o impacto é bem inferior do que se esperava.

            E isso comprova que a tática do atual vice-presidente Geraldo Alckmin foi um sucesso. Governador de São Paulo por 4 mandatos, o que lhe rendeu experiência e proximidade com vários setores que teriam sido afetados, o hábil negociador trabalhou nos bastidores, reuniu empresários de vários setores, ouviu empresas de comunicação norte-americanas (big techs), conversou com o Secretário do Comércio dos EUA e conseguiu diminuir o impacto.

            Evidente que o trabalho não foi apenas dele, mas ter, além do Vice-presidente, um Ministro de Estado que foi publicamente ungido pela Presidência como o responsável pela negociação é uma clara indicação do interesse brasileiro em conversar e negociar.

            E que a negociação continue somente nesses termos comerciais. Apesar de ter déficit econômico para com os EUA, a negociação econômica é “do jogo”. O que não deve ser tema, em nenhum momento, de negociação, é colocar ingerência externa dentro dos Poderes constituídos brasileiros. Ataque à soberania é inegociável.

            O trabalho, claro, ainda não acabou. Alguns setores estão comemorando, outros continuam na mesma expectativa de diminuir o percentual. Agora, é inegável: o esperado tarifaço virou um tarifinho.