Sergio Negão conta suas histórias como skatistas em Guará e em Jacareí
Sergio Negão conta suas histórias como skatistas em Guará e em Jacareí
“Já
dormi no pé do Buda, na frente do Itaguará, por causa da pista do Trianon eu
até já morei em Jacareí. Andei muito lá na Bigolandia”
O JNP conversou com o skatista Sergio Fortunato de Paula, 63 anos que começou a andar de skate com 19 anos e correu todos os Campeonatos realizado no Itaguará County Clube (ICC) em Guaratinguetá. Ele foi duas vezes campeão brasileiro e duas vezes vice. “Eu tenho um elo grande com Guará, todo mundo me conhece em Guará, inclusive foi em Guará que surgiu o Sergio Negão”, disse o veterano do skate.
Sergio
Negão contou que tem as melhores recordações de Guaratinguetá e quando foram
realizados Campeonatos no ICC, pra onde se olhava tinha um ou mais skatistas.
“Nossa, as minhas recordações de Guaratinguetá são as melhores, já dormi no pé
do Buda, na frente do Itaguará, já apanhei na rodoviária por causa de mulher,
não eu, mas pra salvar amigo meu, que brigava lá, porque os caras de Guará não
gostavam que os caras de fora ia lá e catava as meninas de Guará né, então
sempre tinha briga, sempre. E aquelas festinhas de sábado no Itaguará eram as
melhores, os melhores da minha vida. O Itaguará antigamente sabia fazer os
campeonatos, era sexta, sábado e domingo, o Brasil todo se encontrava no
Itaguará, não tinha como, a cidade vivia skate era a cidade do skate, era muito
skatista pra cidade, aquela época lá era muito legal”, disse o skatista.
Para Sergio Negão o desenvolvimento do skate cresceu muito, para ele, depois que surgiu o celular o desenvolvimento foi muito rápido. “A molecadinha de 5, 6 e 7 anos no mundo todo tá aprendendo, o desenvolvimento do skate no mundo todo tá hiper rápido, então hoje a vida profissional do skatista é curta, 17/18 anos já tá velho pra ficar competindo, não dá mais pra competir, a molecadinha já chega com tudo no mundo todo”, opinou o veterano.
A
respeito de manter contato com os skatistas Sergio Negão disse que tem contato
com alguns skatistas das antigas. “É muito pouco, porque a gente se via mais
nas pistas e nos campeonatos né, e como agora não tem mais Campeonato Old
School, a molecada tudo é pai de família, não sai mais da cidade e, tem pista
(skate) em todo lugar e, é difícil a gente se encontrar, mas a gente vai se
falando sim”, disse Sergio Negão, lembrando que fala com a velha e com a nova
geração de skatistas, inclusive os que estão no exterior.
Além de Guaratinguetá o skatista veterano contou que andou muito de skate em Jacareí inclusive na Bigolandia. “Andei em todas as pistas que teve em Jacareí (risos), todas, todas, no Bigo, a pista do Trianon, por causa da pista do Trianon eu até já morei em Jacareí. Andei muito lá na Bigolandia, lá em Jacareí eu era local, depois de Guará eu era local em Jacareí”, lembra o skatista.
Sergio Negão acredita que o skate brasileiro, não evoluiu o bastante. “Sinceramente acho que não, por que acabou aqueles campeonatos pra iniciantes e Campeonatos de verdade mesmo. Lá fora (exterior) eles já caíram na real que você tem que ganhar dinheiro, um prêmio bom, entendeu? Pra você se dedicar mais e a molecada lá (exterior) já sabe disso, cê qué correr campeonatos em outros lugares do mundo, tem que estar com o skate em dia, entendeu? E eu não tô vendo essa evolução toda no Brasil não”, opinou Sergio Negão, frisando que o skate é o segundo esporte mais praticado no Brasil, só perde pro futebol.
O
skatista veterano conta que vive do skate, dá aula e monta pistas de skate. “Dá
pra você viver de skate, não como atleta profissional, porque não tem muitas
marcas patrocinando que nem na minha época entendeu? Hoje em dia os caras se
vendam por camisetas, a molecada se vende por um par de tênis e quase ninguém
quer patrocinar, ou eles (skatistas) não sabem procurar né, os patrocinadores
só vivem procurando marca de skate, imagine se o futebol vivesse só de
chuteiras, eles (skatistas) não sabem procurar e ninguém avisa pra eles que
esse lado pra evolução do esporte não pode ser de patrocínio, não pode ser só
com marca de skate”, alertou o veterano.
Entre as principais entidades e empresas que
patrocinam o skate no Brasil, destacam-se grandes bancos, marcas de produtos
esportivos, companhias de bebidas e empresas de diversos segmentos que apoiam
atletas individuais, eventos e a Confederação Brasileira de Skate.
Sergio Negão conta que correu poucos Campeonatos Old School em Guaratinguetá. “Eu não vejo muito vantagem nisso daí, porque é todo mundo pai de família, os cara cobra é, pra você correr, pra você competir mas não paga pra você estar lá, então você acaba tirando um dinheiro da sua família pra poder tá lá e, no mundo todo, todo campeonato rola dinheiro entendeu, não existe você regredir, é só evolução, e os caras de Guará ainda não caíram na real que campeonato Old School tem de ser de dinheiro, pelo menos pros três primeiros lugares, eu não tô falando que eu vou ganhar Campeonato a vida toda, mas pra quem vai lá (Itaguará), vai tirar dinheiro da família pra ir brincar? Que negócio é esse? Isso não existe. Já participei de vários Campeonatos, se a gente ficar falando aqui vai ser a vida toda falando. Todos (campeonatos) que teve no Brasil eu participei, lá fora, na Europa, nos EUA, é muito campeonatos pra ficar falando os nomes”, concluiu.
Os
campeonatos do Nando (Tassara) eu participei mais pra ver a molecada, o pessoal
das antigas tal, mas não participei muito não, é que nem eu falei, você cobra a
inscrição e você tem de retornar isso em dinheiro, em premiação, a gente já não
é mais molequinho pra ficar ganhando shape, roda essas coisas, isso daí não é
evolução, entendeu? No mundo todo é dinheiro. No país capitalista você vive de
dinheiro, imagina você chegar pra sua mulher e falar que você se machucou lá,
com 50 anos, com 40 anos ou com 45 anos, se machucou andando de carrinho, sua
mulher te bate (risos)”, disse Sergio Negão.
O Jornal Nosso Pedregulho entrou em contato com Fernando Antônio Tassara Rodrigues, o Nando Tassara, que realiza o Old School Skate Jam desde 1999 para explicar qual o verdadeiro intuito na realização do Old School no Itaguará Country Clube e segundo ele o Campeonato é uma festa para confraternização e o foco não é a colocação ou premiação. “Claro que o maior custo são os troféus e medalhas junto com o kit para lembrança. Cada etapa custa cerca de 15 mil e o clube geralmente não arrecada o valor e eu como organizador não recebo nada, nunca recebi. Este ano foram 6 categorias, sendo nós aqui os primeiros do mundo a fazer uma categoria para acima de 60 anos. Igualmente fomos os primeiros do mundo em um evento específico para veteranos. Ele (Sergio Negão) veio em alguns e não correu. Não há interesse em premiação em dinheiro (inclusive por ser uma das normas estatutárias do clube) e só em materiais que os patrocinadores me mandam. Que, inclusive, varia de ano a ano. Nunca houve reclamação da premiação. Mais de uma vez tive o privilégio de receber um americano duas vezes campeão mundial, chamado Eddie Elguera, que vem pelo prazer de estar entre seus fãs.
Pena o Sérgio não ter a mesma vontade. Outras vezes (e nem deixo
andar...acredite) a equipe olímpica entre outros campeões
mundiais que somavam ali em uma das edições uns 30
títulos. Ninguém pede nada, vem pelo evento, pela recepção e pelo prazer
de ter o reconhecimento de skatistas Old do seu trabalho. Negão aqui tem
história e respeito por todos nós. Mas sempre foi uma escolha dele não vir. Inclusive
já se acostumaram a sua ausência. E vida que segue”, explicou Nando
Tassara.
Sergio Negão diz não saber se o skate no Brasil vai evoluir. “Por que vai ter cada vez mais gente praticando o skate, o skate não vai morrer, mas em termos de patrocínio é muito pouco entendeu, os caras não tão sabendo procurar patrocínio e só quem tá na elite, os amigos dos amigos é que tem patrocínio e pode correr campeonato. Como você pode sair daqui em SP e correr ou no Sul ou no Nordeste sem patrocínio? Com o dinheiro do pai, chega uma hora que não dá né, a passagem é cara, tudo é caro, então se você não tiver um bom patrocínio não tem como. Se eu não sei tudo que aconteceu no skate, eu sei mais da metade, então ninguém pode falar que eu tô falando besteira, eu sei muito sobre skate, tudo que aconteceu no skate no Brasil eu sei bastante”, concluiu Sergio Negão.







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